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NADA EXPLÍCITO

FEVEREIRO E MARÇO DE 2019

GALERIA AUGUSTO MEYER - CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA

TEXTO CURATORIAL

PAOLA ZORDAN

As imagens de Ali do Espírito Santo surgem de experimentações geoperformáticas, as quais trabalham o corpo, elementos naturais, pigmentos, objetos, dispositivos de captura, manipulações digitais e o que ninguém sabe. O processo,  que sempre segue intuições,  aberto ao fortuito quanto aos resultados e aos meios, mistura linhas, cores,  posturas e encenações. A ênfase na figura não visa qualquer identificação, ainda que a origem das coisas que a compõem possa ser nomeada. Argila, tinta, folhas, óculos, dentes, galhos, cabelos, órgãos, cadeiras, aparelhos, pinças. A estratégia é fugir daquilo que nos rostifica, que nos dá cara, propriedade, algo para chamar de seu. Por isso, no lugar da viagem narcísica, onde encontramos espelhos que rebatem o que somos, um genocídio de si.   Anti-délfico, sibila profecias que nada designam, dando a ver, ao invés dos percalços que nos conduzem aos excessos aos quais se é destinado, a estranheza de devires muitas vezes imprecisos. O “conhece-te a ti mesmo” oculta palavras de ordem aqui completamente aniquiladas.

 

Mesmo que advindo de uma sibila que nada desvenda, combate o dogmatismo do que não pode facilmente ser explicado. Ao mesmo tempo, evita o cansaço de linguagens facilmente decifradas, mesmo quando se utiliza de convenções estéticas e clichês. Na síntese disjuntiva do que apresenta traz os veios hídricos e minerais que propiciam descontroles semióticos e exilam os significantes que costumamos colar sobre a figura.  Os conceitos,  criados longe da propriedade dos termos, perdem sua razão de ser. Tudo se afirma numa hidrodinâmica obtusa, que esconde forças submarinas, nas quais o substantivo qualificador “nada” também pode soar verbo e a imagem estática ser apenas fragmento de uma complexa e não visível operação. 

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